Por Gabriel Fabri
No primeiro filme da série Maze Runner, um grupo de jovens, cujas memórias foram totalmente apagadas, esteve preso no centro de um labirinto misterioso. Na tentativa de escapar daquela prisão a céu aberto, alguns escolhidos corriam no labirinto, que entrava em mutação todos os dias e fechava as suas portas à noite. Ninguém que ficou fora da aldeia depois do fechamento da passagem sobreviveu para contar a história. Até a chegada de Thomas (Dylan O'Brien), um garoto um tanto ousado, um tanto inconsequente, que lidera uma tentativa de abandonar de vez o centro do labirinto.
O diretor Wes Ball retorna para Maze Runner: Prova de Fogo, o segundo filme da trilogia baseada nos livros de James Dashner. O novo longa-metragem guarda pouco do primeiro filme: os jovens não são enviados novamente para um labirinto ou para um outro teste, como sugeriu o final de Maze Runner - Correr ou Morrer. Seriam, na verdade, drenados em um laboratório, se não fosse pela tentativa de Thomas de novamente fugir. Perdidos no deserto, eles devem lidar com zumbis, enquanto fogem dos agentes da WICKED, empresa que procura uma cura para a doença que transformou em mortos-vivos toda a população da terra.
De uma aventura adolescente distópica, que lembrava Jogos Vorazes, Prova de Fogo se aproxima mais de um filme trash de zumbis - com a diferença, é claro, de que os efeitos especiais e as cenas de ação são muito mais bem elaboradas do que as de qualquer filme de terror B. Virou um episódio menos violento de Resident Evil com rostos jovens e sonhadores. O que fica do primeiro Maze Runner é a questão da corrida: correr no deserto, em meio aos zumbis, é muito mais alucinante. E nesse quesito, os fãs do primeiro filme não sairão decepcionados, afinal, o novo longa-metragem tem muito mais ação e é adrenalina pura.
Ao contrário do primeiro filme, não há uma premissa criativa em Prova de Fogo. O que torna o filme acima da média é uma questão interessante que é colocada em cena pela personagem Teresa (Kaya Scodelario): se esses jovens são a chave para encontrar uma cura para a humanidade, faz mais sentindo fugir da corporação e lutar pela sua liberdade, ou é melhor ficar e aceitar a ser cobaia para salvar o mundo? Esse dilema é sutil, mas muito bem colocado no filme, e pode provocar o espectador que facilmente é levado a torcer pelo herói. É fácil torcer por Thomas e os amigos. Mas qual é o seu plano para salvar a todos? O personagem pensa apenas em seu grupo, assim como a WICKED só pensa no seu. Até que ponto eles são assim tão diferentes? Questões que o terceiro longa-metragem deve, ou não, responder. Mas o mérito aqui é mostrar que, por trás de uma dualidade maniqueísta, há sempre algo mais complexo do que os simples reducionismos.
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