Antes de assistir o francês 'Gainsbourg - O Homem Que Amava as Mulheres', confesso que nunca tinha ouvido falar de Serge Gainsbourg, cuja vida é retrada nesse filme do estreiante Joann Sfar. Em 135 minutos, é mostrada toda a sua trajetória, desde a infância até o sucesso, e a imagem criada por toda projeção é única: fascínio por esse personagem tão peculiar.
Judeu, viveu sua infância na França em meio a 2ª Guerra Mundial, e desde aquela época já demonstrava talento na música e na pintura e uma forte inclinação ao vício e principalmente às mulheres. Abandonou a pintura para se dedicar à vida de cantor e compositor, mas nunca abandonou a fama de galanteador, tendo caso com uma das atrizes mais famosas da época, Brigitte Bardot, para quem compôs um de seus maiores sucessos, 'Je'taime moi non plus', gravado e lançado posteriormente com a sua esposa Jane Birkin.
O filme mantem o espectador entretido nos conflitos pessoais do homem durante sua trajetória, utilizando um estranho recurso para exterioriza-los: ao longo do filme, a consciência de Gainsbourg é personificada em bizarros personagens que guiam e interagem com o protagonista. Na primeira cena, o grau de maluquice dessa exteriorização causa uma impressão de espanto, estranhamento. Entretanto, isso não dura muito, já que logo fica claro o que essas figuras representam. Assim, o íntimo do artista é amplamente explorado, assim como os recursos visuais do filme.
Essa mistura de personagens reais com figuras que representam a consciência de Serge torna esse filme mais que uma biografia de um ícone: é um filme que tenta ser fiel a vida de Gainsbourg representando-a de um jeito nada fiel a realidade, marcando o filme com um contraste que chega a cansar em certo ponto, mas que não deixa de funcionar e, mais importante, de ser original.
Fora a direção, merece destaque o elenco. O ator principal, Eric Elmosnino, interpreta brilhantemente bem seu personagem e contribui pelo fascínio que a película cria sobre Serge. E além de ter sido premiado por esse papel, ele ainda contracena com lindas e talentosas francesas durante todo o filme, muitas cenas nus.
Assim, 'Gainsbourg - O Homem Que Amava As Mulheres' se torna um filme único e imperdível. Não só pelos seu bizarro recurso pra contar a história, mas também para conhecer a fundo a história desse ícone da música francesa.
Confira a deliciosa e polêmica musica na voz do próprio Sereg e sua futura esposa Jane Birkin.
Acho que se nao fosse por essa crítica,eu nunca me interessaria em ver esse filme.Um bom blog de filmes precisa ter uma boa variedade,o que voce faz com maestria.Parabéns!
ResponderExcluirbem, eu sou do tempo em que "je t'aime, moi non plus" foi lançada, e obviamente censurada no brasil autoritário... gostei muito do filme... um aspecto que talvez vc não tenha percebido, até por não ter vivido a história em tempo real, é a verossimilhança da caracterização das tres mulheres famosas da vida de gainsbourg - bb, juliette greco e jane birkin - as atrizes estão idênticas às originais!
ResponderExcluiruma pequena observação psicanalítica: eu não diria que as figuras fantásticas representam a consciência de gainsbourg... pelo contrário, me parecem representar seu inconsciente, seus desejos mais secretos, suas pulsões irrefletidas... o que, aliás, me pareceu muito rico no filme, pois é difícil caracterizar um sujeito tão complexo e conflitado como ele com recursos cinematográficos tradicionais.
um abraço!
Gabs!!
ResponderExcluirParabéns pelo texto, excelente como sempre!
Eu assisti o filme e apesar de ter dormido um pouquinho numa parte (hehe), gostei muuuuito da parte que eu vi! Eu também nunca tinha ouvido falar dele, mesmo conhecendo a música..
cara é o Rafael,ía comentar o Melancolia mas preferi esse que eu já tinha visto. O texto tá ótimo, o filme então, melhor ainda, adorei...Os atores mandam muito, só tem mulher bonita e os efeitos meio surrealistas dos bonecões são super legais, você explicou super bem!Abração pegador!
ResponderExcluirAssisti ao filme, já. Diferentemente de você, eu já conhecia Serge Gainsbourg - certamente por conta de minha idade...
ResponderExcluirConcordo com você: o filme é ótimo. Não se pretende uma biografia literal. Nem precisava. Nem deveria. Afinal, como o filme pretende retomar a vida do grande artista, que fazia de sua vida um devaneio completo, não faria muito sentido um documentário "duro", com os pés no chão; melhor, mesmo, é voar, é dar asas à arte e, por meio dela, conhecer a vida de Gainsbourg.