Por Gabriel Fabri
Baseado no romance de Elsa Lewin, Eu, Anna (I, Anna) conta a história de uma mulher solitária, de meia idade e divorciada, tentando escapar de sua rotina quase vazia, a não ser pela presença de sua filha e sua neta em sua casa. Ela sai da sua zona de conforto ao ir a uma festa para solteiros. No dia seguinte, esbarra no inspetor chefe Bernie Reid (Gabriel Byrne, da série In Treatment), na entrada de um prédio onde um assassinato ocorreu, e joga um charme nele, perguntando se ele está tão perdido quanto ela. Reid imediatamente se interessa, sem saber que a senhora pode estar diretamente envolvida com o crime.
Embora o longa tente criar um suspense em torno do que aconteceu naquela noite, entregando pedaços de flashbacks, ligar os pontos nessa história não é tarefa difícil. Está ai a primeira decepção do filme de Barnaby Southcombe: alimentar um suspense para entregar algo aquém das expectativas construídas ao longo do filme.
Esse foco (bastante fraco) no crime, mostrando os conflitos da família do assassinado e os interrogatórios da polícia com os suspeitos, somado com a estrutura alinear para criar a atmosfera de suspense, é apenas uma grande distração para desviar a atenção do que realmente importa: a personagem principal, numa excelente interpretação de Charlotte Rampling (vista em Melancolia).
O filme vai construindo lentamente a vida de Anna e os seus relacionamentos com Reid e com a sua filha. O que intriga é pensar como o personagem de Reid lidaria ao descobrir o possível envolvimento da protagonista com o crime. Essa dualidade, da personagem ser suspeita e o fato de ele estar interessado nela, poderia ser muito melhor explorada. Entretanto, o longa deixa para o clímax as questões que poderiam ser interessantes e que ficam em segundo plano por causa da reviravolta final, não muito surpreendente para o espectador mais atento.
Eu, Anna termina em seu auge, um desfecho perfeito para a trama. Entretanto, é pouco para sustentar um filme mediano, que embora deixe questões bastante pertinentes para o espectador, não as aproveita o bastante.
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