quarta-feira, 16 de abril de 2014

O Palácio Francês



Por Gabriel Fabri

Fazer humor político é algo bastante difícil. No Brasil, os humoristas até que tentam, mas acabam caindo em preconceitos e lugares-comuns, na maioria dos casos, agindo até de maneira irresponsável. Em "O Palácio Francês", o diretor Bertrand Tavernier não cai nessas armadilhas e se sai muito bem ao usar o humor negro para criticar o estilo pomposo das autoridades francesas, o que resulta numa divertida e inteligente comédia.


Na trama, o jovem Arthur (Raphaël Personnaz) é convidado a trabalhar como assessor do Ministro das Relações Exteriores da França, Alexandre Taillard (Thierry Lhermitte), para tratar da "linguagem" dos seus discursos. A divergência ideológica dos dois homens poderia ser o maior problema entre eles, se o político não tivesse uma maneira peculiar de trabalhar, levando o Palácio a uma verdadeira loucura diária. Arthur terá que se desdobrar para conseguir preparar as falas de um político delirante, que carece de ideias e conteúdo, mas que ambiciona chamar atenção com o mais rebuscado linguajar. 

O humor inteligente se dá na contrução do personagem do político, uma caricatura de um homem vaidoso e egocêntrico. Ele é o retrato daquela pessoa que quer parecer inteligente, que se acha o tal poderoso, mas, na verdade, é completamente maluco e não sabe do que está falando. Numa ótima interpretação de Lhermitte, Taillard convence, o que torna suas atitudes e suas falas ainda mais hilárias.

Os diálogos divertidíssimos, com referências que vão de Heráclito a "As Pontes de Madison", garantem o humor, o que torna dispensável um recurso como as folhas voando cada vez que o Ministro entra bravo em cena. Nada que comprometa o resultado final, que deve fomentar o debate sobre a seriedade da política e a veracidade de seus discursos.

Movimentos de câmera acentuados, ótimo uso do espaço físico da cena e trilha sonora bastante presente dão um charme a mais para o filme, que garante um bom ritmo e boas risadas. Sem cair no humor de quinta categoria com o qual o brasileiro está tão acostumado.

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