sábado, 2 de maio de 2015

Em DVD: Êxodo - Deuses e Reis


Por Gabriel Fabri

O gênero épico, há tempos desgastado dentro da indústria hollywoodiana, parece ganhar recentemente uma sobrevida recontando histórias bíblicas. Foi assim com o divertido "Noé", de Darren Aronofsky (diretor de "Cisne Negro"), lançado em 2014, e agora com "Êxodo: Deuses e Reis", que acaba de chegar em DVD e Blu-ray no Brasil. Com direção de Ridley Scott, o longa-metragem tem uma boa performance, o que resulta em um entretenimento bastante satisfatório.



O filme conta a história do personagem bíblico Moisés (Christian Bale). Pouco antes da morte de seu pai, o rei do Egito, o homem viaja a um povoado do império, onde resolve conversar com o povo hebreu, escravizado. Lá, escuta uma história que, em um primeiro momento, se recusa a acreditar, considerando-se ofendido: ele seria, na verdade, filho de mãe e pai hebreus, tendo sido entregue à princesa do Egito sem o conhecimento do resto da família sobre a sua origem. Com a morte do rei, assume o irmão de Moisés, Ramses (Joel Edgerton), que logo o expulsa do reino. Moisés, anos mais tarde, receberá um chamado para liderar a libertação dos hebreus da escravidão. 

O diretor Ridley Scott tem grande experiência com o gênero, estando à frente de filmes como "Gladiador", "Cruzada" e "Robin Wood". Em "Êxodo", o cineasta não erra a mão e consegue dosar bem a contextualização histórica, o didatismo da mitologia bíblica, o desenvolvimento dos personagens e as cenas de ação. Não caí na armadilha que faz com que blockbusters recentes como "Os Vingadores - A Era de Ultron" sejam tão insuportáveis: as batalhas são dosadas e não se estendem para além do necessário.

Com cenários impressionantes, uma bela fotografia e um roteiro empolgante, "Êxodo: Deuses e Reis" é uma boa surpresa. E, vale ressaltar, passa longe de ser doutrinário. Apesar de não criar grandes licenças poéticas como fez Aronofsky em "Noé", Scott também não está preocupado em fazer uma peça de propaganda religiosa. No filme, Deus aparece personificado na figura de um menino um tanto irritante, sem nada de grandiloquente o rodeando - parece mais uma alucinação do que uma aparição, alias. Há também uma contestação a ele, que embora venha do vilão do filme ("Que tipo de fanáticos veneram esse Deus?", Ramses questiona, após a morte de crianças egípcias), é certeira para provocar reflexões sobre a história contada na bíblia. E os dez mandamentos estão na história, mas mais como um detalhe, já que Scott não fez Bale contar quais são.

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