Por Gabriel Fabri
A 39ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo começou e, como já é habitual no Pop with Popcorn, separamos alguns destaques dessa edição. Por motivos de trabalho, a cobertura está menor neste ano. Mas o blog não podia deixar passar batido o maior evento cinematográfico do ano.
Confira:
- Flocking
Pouco têm-se falado sobre o drama sueco dirigido por Beata Gardeler. Uma pena, pois em um país onde cresce a intolerância política ou em que um vestibular que propõe o tema "violência contra a mulher" é taxado de esquerdista, Flocking (Flocken) é um filme necessário.
Ambientado em uma pequena cidadezinha sueca, o filme retrata a discriminação sofrida por Jennifer, uma garota de 14 anos, após ela acusar um garoto de sua classe de abuso sexual. O estupro em si, que até certo ponto o filme deixa em aberto se realmente aconteceu ou não, é apenas o começo do sofrimento da garota, que vê todas as pessoas virando as costas para ela, inclusive as melhores amigas e o padre da cidade.
O legal no longa-metragem é observar como a comunidade age diante da acusação de Jennifer: não bastasse o ceticismo e a total falta de apoio à garota, os habitantes destilam em cima dela todos os seus preconceitos machistas e promovem uma espécie de "casa às bruxas" velada (ou nem tanto). Agem em grupo, como o nome sugere ("flock", em inglês, significa 'rebanho', 'manada'), com total falta de autocrítica e bom senso.
O clímax e o desfecho, em que se vai construindo expectativas para saber o que a protagonista vai fazer com a sua vida (e com a dos outros), é perfeitamente angustiante.
- Deephan - O Refúgio
O grande vencedor do Festival de Cannes em 2015, Deephan é dirigido pelo consagrado cineasta francês Jacques Audiard (Ferrugem e Osso, O Profeta). Apesar de tocar em um tema caro para a atualidade, a questão dos refugiados na Europa, o longa-metragem derrapa ao tentar falar sobre o drama do personagem principal, um combatente na guerra civil do Sri Lanka. Traumatizado com a violência do seu país de origem, Deephan trabalha como zelador em um perigoso bairro na França, e não tarda a implicar com as gangues juvenis que vivem no condomínio.
Para imigrar para a França, Deephan se uniu a uma mulher e uma criança desconhecidas, usando passaportes de uma família que morreu nos conflitos. Se focasse no drama de sua família de mentirinha, tentando viver em um novo país desconhecido, vivendo com pessoas desconhecidas dentro de casa, o filme poderia ser melhor. Mas a opção de Audiard em discutir a violência enfraquece a trama, com um clímax exagerado e uma solução simplista para o final, muito aquém das expectativas criadas ao longo do filme.
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- Mistress America
Deliciosa comédia dirigida por Noah Baumbach (Frances Ha), Mistress América conta a história de Tracy (Greta Gerwig), uma garota tímida que acaba de se mudar para Nova Iorque para ingressar em uma universidade. Sem conseguir fazer muitos amigos, ela se aproxima de Brooke (Lola Kirke), que está para se tornar a sua meia-irmã. A personagem de Kirke cativa e surpreende pelo seu estilo despojado e autoconfiante, de modo que o público também sinta o mesmo misto de pena e admiração que sente Tracy, que resolve escrever um conto inspirado em Brooke. O roteiro garante boas risadas.
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