segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Os 3

  

         Amizade. Amor. Paixão. Tesão. Foram essas quatros palavras e suas respectivas definições que abriram o longa nacional de Nando Olival (diretor do famoso curta "Eduardo e Mônica"), Os 3. Diante dessa apresentação, dispensam-se comentários sobre que sentimentos a obra irá tratar ou, pelo menos, tentar.
        Na trama, Camila, Cazé e Rafael são três desconhecidos que acabam de chegar a São Paulo e se conhecem numa inusitada conversa na fila do banheiro de uma festa. Os três jovens julgam as circunstâncias favoráveis para morarem juntos, em um velho apartamento no centro da cidade, com direito até a piscina (na verdade, a caixa d'água do prédio). Lá, por imposição de Camila, instituem uma regra: é proibido "rolar" qualquer coisa entre os três. Nos quatro anos em que cursam a faculdade, eles se tornaram inseparáveis, porém, problemas relacionados a tal regra podem causar a separação do grupo. Para ficarem juntos por mais tempo, resolvem aceitar a proposta de participar de um reality show online, no estilo do Big Brother, onde quem assiste pode comprar os produtos que os três usam no dia a dia. Mas "você acha que uma pessoa que sabe que está sendo filmada vai expor sua intimidade?".
         Em frente às câmeras, amor e amizade entram em conflito na medida em que realidade e ficção se misturam. Com a vida dos três exposta como estratégia de marketing, os jovens resolvem criar conflitos pra manter a história interessante e, se os sentimentos entre eles já era uma bagunça antes, imaginem num reality show, se é que se pode chamar de "real". Assim, o filme trata sobre privacidade e fazer de sua rotina uma ficção, mas principalmente sobre os limites entre amor e amizade.
         Com apenas 70 minutos de projeção, já é de se imaginar que o filme não consegue tratar de tudo com profundidade. Duas palavras daquelas mencionadas no início, paixão e tesão, mal são aprofundadas. O enfoque é sabiamente no amor e na amizade, temas que sustentam a trama. Mas, como o tempo passa muito rápido pra quem assiste, fica uma sensação de que os roteiristas poderiam ter inventado mais alguns problemas para os protagonistas resolverem e, quem sabe, tratar mais a fundo dos outros dois sentimentos que o filme propôs. Outro ponto fraco é a própria ideia do reality show: nunca que isso funcionaria na vida real. Ou você vigiaria um triangulo amoroso e, enquanto isso, compraria os produtos que eles estão usando? Produtos comuns como mochilas, TVs, etc. Ignorando esse fato um pouco, todo o resto fica verossímil e, principalmente, divertido.
          Fora esses pequenos detalhes, os conflitos e diálogos são bem interessantes e envolventes, não só pelo conteúdo, mas também por causa da atriz principal, a desconhecida Juliana Schalch, que interpreta Camila. Ela é a sedutora do grupo, seduzindo os dois garotos e também o público. Mesmo quando deixa de ser a única mulher da história, seu papel ainda é de destaque e dominante.
         Em suma, "Os 3" é entretenimento com conteúdo, diferentemente de um reality show. É um conteúdo direcionado para o público jovem, mas que deve divertir a todos. Não chega a ser uma comédia, nem um drama, mas é interessante. Mais um diferencial para o cinema nacional: um filme com personalidade, simples e abrangente.

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