terça-feira, 20 de dezembro de 2011
Um Dia
Adaptar um livro para o cinema é uma tarefa dúbia. Inglória, pois a reputação do livro tem que permanecer intocada (ou ser melhorada) e o grau de qualidade tem que ser no mínimo mantido; mas, por outro lado, não há preocupações de que se a história vai agradar ao público, afinal ela já é conhecida e se não fosse bem sucedida não ganharia uma versão para o cinema. Transportar um romance composto de palavras métricamente pensadas para uma arte tão completa como a sétima não é nada fácil, e é com prazer que afirmo que este Um Dia (One Day) não irá decepcionar quem leu a obra original.
Em ambos, Emma e Dexter se "conhecem" na festa de formatura do colégio. Daí nasce um relacionamento que será contado numa forma muito curiosa: apenas o dia 15 de julho de cada ano é mostrado. No livro, essa divisão é de um dia por capítulo. No filme, apenas as cenas mais relevantes são selecionadas.
O autor do bestseller, David Nicholls, assina o roteiro da obra dirigida por Lone Scherfig (do ótimo Educação). Da mesma forma que no livro em um dia temos um panorama geral do que aconteceu em um ano, sendo talvez o recurso mais especial da estrutura, aqui isso acontece, mas os acontecimentos misturam-se um pouco, de forma a tornar a película tão ágil como a leitura gostosa do livro. Com o próprio autor escrevendo o roteiro, o filme é seguro no que cortar do livro e no que manter. E nesse aspecto, o resultado é positivo. Quem leu vai se deparar com frases marcantes (e outras nem tanto) que são ditas igualmente pelos personagens, deliciosas de se reconhecer.
Anne Hathaway (Amor e Outras Drogas) e Jim Sturgess (Caminho da Liberdade) levam às telas a química de "Dex e Em, Em e Dex". Os dois atores estão ótimos em seus papéis. Anne, que nem sotaque britânico tem (louvável sua tentativa de simular um, ficou bom!), encarna do melhor jeito possível sua personagem. Isso, pois são eliminadas quase que por completo as emoções de Emma, detalhadas no livro, simplificadas no filme por meio de diálogos. O protagonistas são sucintamente apresentados: os primeiros anos passam-se muito rapidamente, e é com o passar do tempo que as personalidades são completamente registradas. Não importa: os personagens de carne e osso vão fisgar o espectador, com a intensidade necessária para fazer o clímax tão terrivelmente surpreendente quanto nas páginas.
Se não tivesse o livro por base, poderiam-se apontar alguns clichês que permeiam a trama. Mas isso é algo que não está nas mãos da adaptação. E ademais, quem se importa com os clichês se o resultado final é tão bom? Engraçado, inspirador, envolvente e gostoso de acompanhar. Quatro características presentes nos dois meios em que a história foi contada. Pra quem leu o livro, é ótimo reviver os vinte e dois anos da trama. Pra quem não leu, o melhor está nas telas.
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Ainda quero muito ler o livro, sempre acho que ler o livro ajuda muito a completar a historia do filme, uma vez que os filmes sao apenas baseados nas historias contadas. Mas mesmo assim, amei esse romance e ainda mais pelo fato de nao ser nada previsivel no final. E com atores tao bons como os dois, nao tinha como dar errado hhaa :] beijao
ResponderExcluirLi o livro e depois vi o filme. Acho que por ter amado o livro, ter chorado horrores etc, gostei do filme, mas depois pensei muito e percebi que, na verdade, achei a adaptação bem fraca, pois acho que 2 horas é muito pouco tempo para passar tantas coisas maravilhosas que estão no livro. Ainda assim, a história é muito linda.
ResponderExcluirNão tem muito o que fazer, acho. Adaptações nunca serão perfeitas imitações dos livros e sempre esperamos demais.
Quero muuuito ver! Ansiosa pra estreiar aqui na minha cidade...
ResponderExcluirComo sempre, sua crítica está impecável, Gabriel!
PARABÉNS, PARABÉNS, PARABÉNS pelo blog! Excelente! Estou sempre passando por aqui! Já assisti a vários filmes depois que você indicou aqui!
Um grande abraço! :-)