sábado, 14 de janeiro de 2012
A Guerra Está Declarada
Romeu e Julieta tiveram um final trágico. Quem não sabe essa história? Quando Romeo e Juliette se conheceram, numa das cenas iniciais de A Guerra Está Declarada (La Guerre Est Déclarée), eles indagam se estariam destinados a terminarem de maneira semelhante.A tragédia em suas vidas será em relação ao seu bebê, nesse drama baseado numa história real.
A indicação da França para concorrer ao Oscar tem seus diferenciais: o mais evidente é que os atores que interpretam o casal principal são os mesmos que viveram a situação na vida real. Valérie Donzelli, a diretora, e Jéremie Elkaim dão vida aos personagens baseados em suas experiências pessoais na vida real e, juntos, assinam o roteiro. A dupla, portanto, acaba realizando um documentário dramatizado de sua própria história de amor e da guerra que travaram e, responsáveis pela atuação, roteiro e direção, imprimem um retrato íntimo e terno da delicada situação em que se encontraram.
Mais que uma obra de arte, essa autobiografia parece ter sido terapêutica para o casal e chama a atenção por ser, desde o início, otimista e gostosa de acompanhar, na contramão do melodrama que a história de um casal que descobre que seu bebê é doente deveria ser. Valérie e Jéremie revivem sua experiência, talvez com um toque de imaginação (não duvide que haja um pouco ficção na fita), de maneira nostálgica e, de certa forma, orgulhosa pela batalha que eles travaram. É uma história de superação, mas, sobretudo, uma história de amor: por isso o nome dos personagens é referência direta ao clássico de Shakespeare.
Para que tudo funcione, o realismo dos atores, tendo passado por situação semelhante, lhes confere toda a dramaticidade possível. Como diretora, Valérie opta por um filme alto astral, que mostra o casal fazendo piadas antes de uma cirurgia ou Juliette fazendo um dueto à distância com Romeo, que aparece refletido no espelho de um carro. A decisão de focar o filme no relacionamento dos dois, construídos tão bem durante os cem minutos de projeção, e ainda levar no bom humor, sem menosprezar o trágico de sua trajetória, sua guerra pessoal, foi certeira. E de maneira incomum, resulta num drama não para se emocionar, mas, em muitos momentos, para sorrir.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário