domingo, 14 de abril de 2013

Depois de Maio



A polícia proíbe uma manifestação de jovens. Anarquistas, com vigor revolucionário, eles partem para o protesto com coragem. Resultado? Aconteceu o que é comum até hoje: foram reprimidos com chutes, cassetete, gás lacrimogênio, etc. Esse é o início de Depois de Maio (Après Mai), longa de Oliver Assayas, que trata sobre um grupo de jovens que querem mudar o mundo, mas acabam mudando (apenas?) a si mesmos.

No meio da confusão da cena inicial está Gilles, personagem no qual a história, um projeto autobiográfico do diretor, é centrada. Quando um de seus colegas é descoberto, após picharem a universidade de madrugada, os membros do grupo precisam viajar e atenuar suas ações. Aos poucos, vão se descolando da euforia revolucionária, embora permaneçam imersos na contracultura, em especial no movimento hippie.

A sequência do prédio sendo pichado é ótima e exemplifica como o começo do longa é empolgante. A cena do início já é cheia de informações, e, complementando com essa, tornam o início do filme vibrante. Entretanto, o impacto do início se esvai. Quando os personagens seguem seus próprios caminhos, o longa se segura um pouco, mas não tarda a se tornar insosso e arrastado. Vira um filme parado com personagens que o espectador fica cada vez menos envolvido, embora algumas situações sejam interessantes.

Talvez o tédio seja proposital: a medida que os personagens vão crescendo, eles vão perdendo aquela disposição e alegria pós-maio de 1968 e se tornando pessoas normais, sem graça. Mesmo que ainda estejam no movimento hippie e façam coisas que a sociedade até hoje não permite, eles não cativam mais. Principalmente o personagem principal, o que mais deixa de ser interessante ao longo do filme. A direção e o roteiro precisavam ser mais ágios.

O longa tenta levantar algumas questões importantes, como o tema do aborto, e toca numa realmente interessante: a estética cinematográfica. Em algumas situações, discute-se cinema. Um filme revolucionário deve obrigatoriamente ter uma estética própria (ou isso seria um individualismo burguês, que não convém com os ideais anarquistas?) ou deve mostrar suas posições através da linguagem clássica, para a mensagem atingir o seu público? É necessário algo mais artístico e restrito ou mais comercial e popular?

Embora trate de questões pertinentes, Depois de Maio é superficial e arrastado. É um longa que promete muito, mas vai decepcionando à medida que avança. Talvez isso tenha algo a ver com a juventude...

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