Por Gabriel Fabri
Sempre no último dia do ano, a cidade de São Paulo é palco da Corrida de São Silvestre, transmitida ao vivo pela televisão. A cineasta Lina Chaime busca agora um novo ângulo sobre o evento, um registro além da linguagem televisiva com a qual o público está acostumado. Em São Silvestre, o esporte e a cidade são representados com uma abordagem estética diferente, que promove uma imersão inusitada na corrida.
O filme não segue uma história propriamente dita. Começa com o treino para a corrida, segue com uma visão de São Paulo e termina com o evento, registrado em 2011, ano em que a chuva também foi um obstáculo. Somente na hora da competição vemos o rosto do único ator do filme, Fernando Alves Pinto.
São Silvestre apresenta um excelente trabalho de som e direção, explorando diversos caminhos para tornar a experiência do espectador mais próxima a do atleta. A tentativa de simular a sensação de correr é bem construída, misturando câmera subjetiva, closes no corredor e o som incessante dos passos. As imagens de São Paulo são particularmente interessantes, fazendo do longa uma experiência não só sensorial, mas turística. Um verdadeiro contraponto à distância com qual a corrida é exibida na televisão.
Com técnica impecável, o documentário vale como uma experiência diferente. Todavia, mesmo com a sensação de estar em frente a um filme único, a obra pode se tornar uma experiência enfadonha, apesar de desafiadora. A primeira corrida, o treino, já valia o filme. Mas a segunda, fazendo todo o trajeto da maratona, mesmo com o advento da chuva, não empolga mais, e nem o exagero na trilha sonora, composta por música clássica, aproxima o espectador da emoção de correr. Apenas da vertigem e, infelizmente, do cansaço. De qualquer forma, filmes que pretendem ser fora do comum, ou desconfortáveis, sempre merecem ser vistos, e é o caso de São Silvestre.
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