quarta-feira, 11 de março de 2015

Para Sempre Alice



Por Gabriel Fabri

Na cena mais emocionante de "Para Sempre Alice" (Still Alice), a personagem que dá nome ao filme, interpretada por Julianne Moore, cita o poema "Uma Arte", de Elizabeth Bishop. O texto da poeta norte-americana afirma que "perder não é nada sério". Afinal, perdemos um pouquinho todos os dias. Entretanto, fica difícil acreditar nas palavras de Bishop ao sair da sessão do filme dirigido por Richard Glatzer e Wash Westmoreland. 
O longa-metragem conta a história de Alice, uma renomada professora de linguística da Universidade de Columbia, nos EUA. Aos 50 anos, ela é diagnosticada com um tipo raro de Alzheimer, precoce e genético. Com o apoio do marido, interpretado por Alec Baldwin, e dos filhos, com destaque para Lydia (Kristen Stewart), a caçula, Alice precisa viver cada dia aprendendo, como diz o poema de Bishop, a "arte de perder". No caso, perdendo as suas memórias numa velocidade avassaladora.

"Para Sempre Alice" vai mostrando a progressão da doença aos poucos, mostrando pequenos momentos cotidianos em que a perda de memória de Alice se manifesta. Isso vai acumulando uma certa angústia no espectador, que deve conseguir facilmente se identificar com os problemas da família tentando lidar com a situação da personagem, e também com o medo de perder algo tão essencial quanto ter consciência de quem você é e o que você viveu.

Essa construção do filme soa tão natural, é tão envolvente e sincera, que a obra se sustenta sem ter um clímax bem definido. O que dá mais força ainda para a bela cena final, que encontra na simplicidade a sua potência, um desfecho perfeito e pouco previsível. 

Entretanto, não tem como falar de "Para Sempre Alice" sem comentar a atuação soberba de Julianne Moore, em um dos melhores momentos da sua carreira. Nada soa forçado em seu trabalho, que surpreende transmitindo as dores, as dificuldades e as alegrias da personagem. Não é a toa, portanto, que a atriz tenha sido premiada com Oscar pelo papel. Sua atuação contribui, e muito, para que o filme provoque muitas lágrimas na plateia.  

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