Talvez seja egoísmo falar sobre a Mostra Hitchcock agora que ela terminou no Cinesesc, mas preferi mergulhar fundo nela e fazer um texto contando sobre os filmes que eu vi nas quatro noites que participei, somado com outros filmes em dvd, do que apenas um texto convidando-os em cima da hora para correr com os ingressos que, em sua maioria, se esgotaram rapidamente.
Em cartaz até o dia 24/07 no Centro Cultural Banco do Brasil e com uma "saidera" especial no Cinesesc no próximo sábado, a mostra exibiu todos os mais de 50 filmes do diretor, somado com episódios da série de tv 'Hitchcock Apresenta' e a venda e confecção de um livrinho super legal com análises da carreira do mestre do suspense (este livro está disponível online no site da mostra).
Após 10 filmes vistos (e uma refilmagem recente de um deles) e várias páginas lidas, cheguei a conclusão que todo mundo que já viu alguns filmes do diretor também deve ter chegado: Hitchcock é um gênio do cinema, um mito, e com razão. Seus filmes são claramente 'filmes-pipoca', para agradar e entreter o grande público (para o mestre, um filme tem que fazer sucesso para ser considerado bom, pensamento idêntico ao usado para avaliar a música pop), sendo que o diretor não perde o ritmo de seus filmes. Se para a época os filmes foram importantes e inovadores, hoje eles ainda cativam e surpreendem com as reviravoltas e a capacidade do diretor de manter o espectador envolvido na tela.
Muita coisa chama a atenção nas obras do inglês Alfred Hitchcock. A atmosfera de mistério misturada com o humor negro afiado, o maniqueísmo difuso dos personagens (o vilão não é tão mal e os mocinhos não tão perfeitos como nos filmes da época), a antecipação das cenas mais tensas para aumentar o clima de tensão, os assassinatos filmados como se fossem cenas de amor e as cenas de amor filmadas como se fossem assassinatos, os diferentes e perfeitos enquadramentos, as 35 participações especiais do diretor em seus filmes (é como brincar de 'Onde está Wally?'), as reviravoltas nas tramas, a trilha sonora marcante ou as ousadas experiências (como filmar 'Festim Diabólico' praticamente sem cortes, filmar 'Psicose' em preto-e-branco anos depois do cinema ganhar cor ou o 3d dos anos 50 em 'Disque M Para Matar'), entre muitas outras. Criou o conceito do MacGuffin, presente em vários de seus filmes, sendo este apenas um pretexto sem importância para história avançar (o preferido de Hitchcock, considerado por ele o melhor está em 'Pacto Sinistro', um de seus muitos filmes em preto-e-branco).
Como os filmes foram exibidos fora de ordem, assisti os filmes mais recentes e mais antigos misturados. O primeiro foi 'A Sombra de Uma Dúvida' (1943), o favorito de Hitchcock. Filmado já na sua fase americana, o filme ainda cativa, mesmo quase 70 anos depois de produzido, e despertou vontade de assistir toda a obra do mestre. 'Trama Macabra' (1976), o último filme de sua carreira, é super divertido e envolvente e, apesar de ter recebido críticas negativas, mostra que a fase ruim de Hitchcock não é tão ruim assim. Seguiu-se a segunda versão de 'O Homem Que Sabia Demais' (1956), um dos filmes que eu mais gostei até aqui. O filme 'Frenesi'(1972, o penúltimo) e o filme 'Chantagem e Confissão' (1929), o primeiro filme inglês com áudio, em sua versão muda, mas com o interessante acompanhamento de um tal DJ Nepal, ao vivo, fazendo o filme parecer um longo video clipe (o contraste entre a música eletronica e o filme velhíssimo foi bem interessante de acompanhar).No último dia da amostra, o filme 'Correspondente Estrangeiro'(1940) e o importantísmo 'Intriga Internacional'(1959), um dos filmes sempre presentes nas listas de 'Melhores Filmes de Todos os Tempos', como na do American Film Institute, por exemplo. Paralelamente, vi o filme 'Disque M Para Matar' (1954) e a refilmagem de 1999 'Um Crime Perfeito' (com Michael Douglas e Gwyneth Patrow), adorando as duas, e os clássicos 'Pacto Sinistro' (1951) e 'Psicose', pertubador, aliás.
Muitos filmes foram vistos, mas ainda tem muitos pela frente. Tem ainda 'Janela Indiscreta' (1954) e 'Os Pássaros' (1963), duas das maiores realizações do diretor, na Saidera Hitchcock no dia 23. E também 'Um Corpo Que Cai', 'Festim Diabólico', 'Rebecca, a Mulher Inesquecível' e o ganhador do Oscar de Melhor Filme 'Quando Fala o Coração'. E a lista continua.
"O ÚNICO MODO DE ME LIVRAR DE MEUS MEDOS É FAZER FILMES SOBRE ELES'
Alfred Hitchcock.
gabe, seu texto está ótimo. vc realmente teve que reunir muitas informações, mas mesmo assim conseguiu falar de tudo hehe parabéens :)
ResponderExcluirbeijos, bia
Gabriel,
ResponderExcluirConcordo com vc que Hitchcock foi um grande gênio do cinema. Muitos diretores e produtores por aí deveriam se inspirar na obra dele, para nos proporcionar filmes de qualidade.
Bjs,Shan
Fafá, eu sinto que você está evoluindo bastante na escrita :) parabéns pelo texto, me deixou com vontade de fazer uma maratona de filmes do hitchcock!
ResponderExcluirbeijocas
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirGabriel, tudo de bom este festival, hein? Há uns bons anos atrás muitos filmes dele passavam na tv. Foi assim que eu assisti todos.No cinema mesmo, não vi nenhum.Isso prova que não sou tão velhinha assim!!kkkk sendo assim, vc me passou a perna, pois deve ter sido muito legal ver esses filmes na telona!Adorei sua comparação com "Onde está Wally", pois essas aparições dele nos filmes tem tudo a ver com isso, uma brincadeira mesmo.Os filmes Janela Indiscreta e O corpo que cai(Vertigo, né) que pelo q entendi ainda não tinham sido vistos por vc até este dia, são ótimos, e senão estou enganada, foram refilmados ou inspiraram algum filme.
ResponderExcluirQue tal agora vc fazer uma crítica , ou uma sinopse de cada um?Eu ia curtir muito.
bjs
ligia, vi janela indiscreta na tal 'saidera' que eu mencionei.. "inspirou" o filme 'paranóia', com akele garoto do transformers, o Shia. Na verdade, o filme foi acusado de plágio e até foi parar na justiça. Um corpo que cai também já assisti, e amei. Vou procurar sobre remake ou whatever de um corpo que cai, mas nao me lembro de ter visto nada...
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