quarta-feira, 15 de maio de 2013

Três Mundos



O jovem Al (Raphaël Personnaz) parecia estar rumo ao ápice de sua realização pessoal e profissional. Todavia, dias antes de se casar com a filha do chefe, que o acaba de promover à direção de uma luxuosa concessionária, tudo pode virar de cabeça para baixo quando ele atropela um imigrante e abandona a cena do crime. Esse é o ponto de partida de Três Mundos (Trois Mondes), de Catherine Corsini.

O longa é focado em três personagens: Vera (a esposa da vítima), Juliette (a testemunha ocular do acidente) e Al. Os mundos deles se misturam a partir do ocorrido, tendo a personagem Juliette, interpretada por Clotilde Hesme, como peça central da relação. De um lado, o homem não consegue seguir sua vida com a consciência tranquila, sem a sensação de culpa. De outro, Vera (Arta Dobroshi) enfrenta o drama de ver seu marido internado e suas consequências, como o fato de não poder faltar ao trabalho para ficar com ele ou o problema financeiro com os cuidados médicos.

Ao contrário de filmes como Babel e 360, por exemplo, as histórias de Três Mundos não esperam o final para se entrelaçar. Apresentado o problema, esses personagens não tardam a travar conflitos, e a relação entre os protagonistas vai ficando aos poucos mais complicada à medida que o roteiro avança, como esperado. Somam-se todos os problemas que Al enfrenta em relação a todas as pessoas de sua vida (seu futuro sogro, seus amigos e sua noiva - curiosamente, todos relacionados à sua esfera do trabalho) e o resultado é um filme envolvente, com coadjuvantes que aparecem pouco, mas que têm um peso considerável para acentuar os conflitos do personagem principal.

Três Mundos é um filme sobre o acaso, sobre como ele pode mudar a vida das pessoas de uma hora para outra. É uma trama intensa, até trágica, mas que é suavizado pela direção de Corsini, bem tradicional e com um bom ritmo. Funciona como entretenimento, tem até uma dura crítica à questão dos imigrantes ilegais na França, entretanto, deixa uma sensação de algo faltando: o clímax atinge um ponto no qual se espera algo melhor, menos simplista, para colocar um ponto final nessa história, que termina com um close-up muito mal escolhido, uma maneira quase cafona para encerrar um filme que, no geral, é bem positivo.

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