quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Garota Exemplar


Por Gabriel Fabri

O diretor David Fincher, duas vezes indicado ao Oscar (por "A Rede Social" e "O Curioso Caso de Benjamin Button"), sabe como ninguém construir um bom suspense. Foi muito bem sucedido em "Seven - Os sete crimes capitais", "Zodíaco" e, mais recentemente, em "Millennium - Os Homens Que Não Amavam As Mulheres", essa última uma adaptação homônima do romance de Stieg Larsson. Enquanto a continuação norte-americana de "Millennium" parece ter virado lenda, Fincher estreia com mais um suspense investigativo: "Garota Exemplar", outra adaptação literária, dessa vez da obra de mesmo nome de Gillian Flynn, que assina o roteiro.  



A trama trata do desaparecimento de Amy (Rosamund Pike), esposa de Nick Dunner (Ben Affleck), no dia em que o casal completaria cinco anos de casamento. Em flashbacks, o filme mostra como os dois se conheceram e acompanha o desenvolvimento da relação, até o dia em que Amy some. Paralelamente, as investigações sobre o sumiço começam a cair sobre o próprio marido, que terá que lidar com a desconfiança da polícia e o sensacionalismo condenatório da imprensa. 

"Garota Exemplar" tem duas reviravoltas importantes que mudam os rumos do filme. Entretanto, elas não quebram o clima de suspense bem construído, que fazem com que as duas horas e meia de projeção passem bem rápido. Fincher é habilidoso na condução do espectador, fazendo-o embarcar em sua história com facilidade. A montagem é um dos pontos altos do filme e os atores também ajudam: a atuação de Rosamund Pike é espetacular e rouba a cena de Ben Affleck, que também convence em seu papel. 

"O que fizemos um ao outro?" é uma das perguntas que abre o filme, na narração do personagem de Nick Dunner, e que atiça a curiosidade da audiência. Com uma dose de ironia, ela retorna na cena final de "Garota Exemplar", com um novo significado e promovendo outras reflexões. A decadência de uma instituição, o casamento, e a maldade do ser humano são os temas centrais desse filme divertido, imprevisível e, de certo modo, desconcertante. 

Um comentário:

  1. Saí do cinema com um belo de um "?" na cara!!! E claro, debatendo com outras pessoas da sala de projeção o que cada uma havia entendido ...

    ResponderExcluir