quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A Invenção de Hugo Cabret

     
       Você não precisa conhecer a história do cinema ou saber quem é Georges Méliès para embarcar, como as crianças, na Paris pós I Guerra recriada por Martin Scorsese. Em seu primeiro filme infantil, A Invenção de Hugo Cabret (Hugo), um dos diretores mais importantes da atualidade, sete vezes indicado ao Oscar (e com grandes chances de ganhar o prêmio pela segunda vez esse ano), cria uma aventura para explicar um pouco a história cinematográfica para as novas gerações, e que terminou por ganhar o prestígio dos cinéfilos.
       Na trama, Hugo Cabret é um órfão que mora numa estação de trem, dando corda nos relógios. Por algum motivo, vive fugindo do inspetor da estação, interpretado por Sasha Baron Cohen (Borat). Um dia, seu caderno, que possui desenhos de uma espécie de robô, é confiscado por um velhinho que o acusa de ser um ladrão. Logo ele vai conhecer a sobrinha desse homem e juntos eles vão embarcar numa aventura na história da sétima arte.
       Para o público em geral, uma aula sobre filmes, com as aventuais cenas de ação e lições de moral que um longa infantil sempre tem. Para quem conhece os primórdios do cinema, Hugo Cabret é uma homenagem deliciosa de se acompanhar. É rever toda aquela época, inclusive cenas dos filmes originais, como A saída dos operários da fábrica Lumiere e a Viagem à Lua, esse o principal homenageado, em meio a uma obra feita mais de um século depois, em 3D e com muitos efeitos, principalmente na construção de uma iluminada Paris. O visual do filme ainda lembra um outro clássico, Metrópolis (1927, de Fritz Lang), com tantos relógios, engrenagens e o robô.
        O resultado final é ótimo, entretanto poderia ter algumas melhoras. O personagem de Sasha Cohen é extremamente irritante para o espectador e ele não precisava realmente ser tão chato e caricatural. E o pior é que o personagem só traz algumas complicações na história sem muita importância. Poderia ser facilmente substituído por outro qualquer, que soubesse transmitir melhor seus traumas, ou ter sua presença muito reduzida ao longo da trama, que a obra poderia se tornar bem mais agradável.
        Com onze indicações ao Oscar, o filme é bom, tendo muitas chances na disputa com O Artista pelo prêmio principal da noite. Resta saber se a Academia premiará um filme francês que homenageia os primórdios de Hollywood e toda a sua indústria ou se sairá vitorioso esse longa americano que homenageia o início do cinema como um todo, que começou na Europa. De qualquer forma, Scorsese se afirma como um ótimo diretor, mais uma vez.    

Um comentário:

  1. Aeh fabri... aqui é o poney!
    Meu caro... critica muito boa! Eu sabia que conhecia o inspetor da estação de algum lugar... e realmente ele foi meio irritante! Obrigado por esclarecer os detalhes do filme para mim! Como sempre te digo, não sou um grande conhecedor de cinema... agora toda a historia fez sentido!!!!hahaha nois mlk!

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