segunda-feira, 27 de julho de 2015

Adeus à Linguagem


Por Gabriel Fabri

Quem disse que um filme precisa ter uma história? Quem disse que precisa ter começo, meio e fim? Quem disse que precisa fazer sentido? O novo filme de Jean-Luc Godard, um dos nomes mais importantes da Nouvelle Vague francesa, esfrega essas perguntas na cara do espectador: seu filme não tem uma história, não tem começo, meio ou fim e, ainda por cima, não faz o menor sentido. Bem-vindos a Adeus à Linguagem (Adieu au Langage). 


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  • O primeiro longa-metragem em 3D do cineasta não dá "adeus à linguagem", como o nome sugere, mas tenta criar novas possibilidades com a linguagem cinematográfica. Em um ponto, Godard parece realmente original: o 3D juntando duas cenas que acontecem ao mesmo tempo, no mesmo quadro, mostra como esse recurso pode ser utilizado de maneira criativa no cinema. Entretanto, esse é o único ponto que se destaca no filme.

    Propondo uma experiência estética diferente, Godard não só não surpreende como também não diz nada. Colocar uma série de imagens aleatórias de um casal sem roupas e um cachorro, com uma série de frases de efeito e citações complexas sobre temas complexos, não provoca reflexão nenhuma no espectador. É um filme difícil de entender o seu propósito. Um filme feito para dizer nada? É daí que viria uma provocação? A provocação é colocar o espectador uma hora diante de uma tela que nada diz?

    Adeus à Linguagem parece uma extensão preguiçosa do curta que Godard realizou para o filme 3x3D, exibido em 2014 no Cinesesc. Tratando-se de um cineasta que já entregou filmes geniais, provocativos e ousados como Je Vous Salue, Marie, o resultado não poderia ser mais decepcionante. 

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